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Viúva da vítima de Covid-19 em Mariana diz “Não tive nenhuma assistência da Prefeitura”

Cláudio Martins, de 44 anos, saudoso marido de dona Marileide Geralda, teve uma febre alta na manhã do dia último, 18 março. Após tomar alguns remédios, o sintoma não passava e, durante a noite, ele resolveu procurar atendimento médico na Policlínica Municipal de Mariana, Minas Gerais. Dona Marileide, foi junto de Claúdio, mas ficou do lado de fora esperando o marido.  “Eu fiquei de fora esperando e ele voltou falando que a médica não se aproximou, pediu para ele mesmo medir a febre e receitou um antibiótico”, conta a esposa, Marileide Geralda.

Segundo informações, Carlos, foi diagnosticado com pneumonia ele era funcionário terceirizado de uma empresa que presta serviços à Fundação Renova, seguiu a recomendação médica e tomou a medicação por seis dias. Mesmo assim, as dores não melhoraram e as dificuldades para respirar só aumentavam. “Ele ainda estava abatido e resolveu voltar na policlínica. Outro médico atendeu, foi até melhor, fez o raio-x e voltou a repetir que era pneumonia. Deram mais antibióticos para ele”, afirma.

De volta para casa, Cláudio retomou a medicação, mas sem surtir efeito, as dificuldades continuaram. Foi então que ele e a esposa decidiram procurar o Hospital Monsenhor Horta para fazer novos exames. “Essa é a minha última lembrança dele, muito debilitado tentando subir as escadas para ir até o hospital”, relata. Mais uma vez, os médicos disseram que era uma pneumonia grave e, por isso, ele foi isolado para que o caso fosse melhor estudado.

Com o agravamento do quadro, a equipe da unidade resolveu pedir a transferência do paciente para um hospital particular na capital mineira. “Ele não melhorou e tinha cada vez menos forças. Veio de ambulância até Belo Horizonte, já estava todo entubado. Durante a madrugada, o boletim dizia que as chances dele sobreviver eram baixas”, diz emocionada Marileide.

Depois dos pulmões ficarem muito comprometidos e os rins pararem, Cláudio Martins faleceu na manhã da última segunda-feira (30). E no dia seguinte, veio o exame que confirmava a morte por coronavírus – o caso foi o primeiro em Mariana e fez o total de óbitos subir para quatro em todo o Estado.

Sem assistência

Conforme Marileide Geralda, o secretário municipal de Saúde, Danilo Brito, publicou um vídeo nas redes sociais após o falecimento em que relatava que tinha dado toda assistência necessária à família da vítima. “Só recebi uma ligação depois que confirmaram a causa da morte. O secretário me ligou, falei que era uma mentira, que não tive nenhum suporte da prefeitura. Estou denunciado isso para que outras vidas tenham um melhor suporte do que o Cláudio teve. Ele já se foi, mas outras podem ser salvas”, enfatiza.

Já o secretário Danilo Brito reafirmou, em uma coletiva hoje transmitida nas redes sociais, que prestou toda a assistência necessária à família de Cláudio Martins. “Sobre o óbito, quero dar maior tranquilidade à família, entendemos esse momento e sabemos das nossas responsabilidades. Estamos acompanhando os familiares e temos como provar. Isso realmente mexeu com a nossa equipe e está trazendo pânico para a cidade, o que não pode acontecer”, justifica.

Moradores apreensivos

O presidente da Associação dos Moradores dos Bairro Nossa Senhora de Fátima – onde Cláudio viva –, Thalisson Maia, revela que ele era uma pessoa muito querida, saudável e deixou todos os vizinhos surpresos. “Morava na rua de baixo, todo mundo conhecia ele. O diagnóstico surpreendeu e, como ele não teve contato com pessoas que vieram do exterior e ser uma possível transmissão comunitária, todo mundo no bairro está apreensivo”, afirma.

Conforme Thalisson Maia, a principal preocupação é com os idosos. “São muitos aqui no bairro e estão com medo. Já pedimos para fazer uma desinfecção na rua, mas ainda não tivemos resposta”, lembra.

Procurada, a Renova informou que Cláudio Martins prestava serviços para a MCA Auditoria e Gerenciamento, empresa parceira na área de governança, e que fez contato com a empresa e a família para prestar solidariedade. Segundo a fundação, todos os funcionários das áreas administrativas estão em home office desde o dia 16 de março.

 

*As informações são do Avisa Minas*

 

 

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